sábado, dezembro 15
Loucura
segunda-feira, dezembro 10
Sossega, coração! Não desesperes!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
quarta-feira, novembro 14
sábado, novembro 10
O meu coração quebrou-se
O meu coração quebrou-se
quinta-feira, novembro 8
nada sinto, nada sofro
Nada sinto.
Sim, não sinto nada.
O meu coração continua com fortes palpitaçoes dentro de mim
Espera ser notado
Mas eu já não o sinto
Perdeu a voz
Não que se tenha calado de vez, pois ele continua a gritar embora afónico num esforço vão...
Apenas não o quero ouvir...
Desliguei lhe o som
Já não me conduz os passos
O coração cega, manipula...
destrói-nos por dentro e pensa que está certo
Como se o coração pensasse...
Ele apenas age de acordo com o que sente...
Vai ao encontro daquilo que ama
Mas o que ele ama pode fazer-lhe mal
O coração é masoquista
O coração é egoísta
O coração não pensa!
Não distingue já o correcto do errado
O coração é tonto e impulsivo
Impossível de equilibrar
Por isso desligo-lhe o som...
E assim fico, sem dor...
domingo, outubro 28
Deve chamar-se tristeza
"Deve chamar-se tristeza
Manipulação Incoerente
Fazes com que todo o martírio me invada
quarta-feira, agosto 29
perturbação persistente
Desaparece ser invisível que me persegue
Estás a esgotar-me a mente
Sai de dentro de mim
Metes medo aos afortunados de espírito
E és conhecido por entre os esgotados de alma
Não sei por que nome te evoque
Nem sei porque me importunas
Mas fazes parte de mim
És o fantasma que me assombra a consciência
E me tira o sentido desta vivência
Desaparece!
Os teus pensamentos ecoam na minha cabeça como murmúrios…
Cânticos desassossegados que parecem ter no meu tormento o prazer supremo das suas vivências
Desaparece!
Não ouves ou não queres ouvir as minhas suplicas sofridos por sossego
Apenas quero nada sentir
Estar quieto sem tormentos que me distróem a alma
Já só peço isso
Nada de sonhos, de esperança, de tranquilidade, de amor
Já só peço o vazio
O nada
Tal é o tormento que me causas
Desaparece apenas!
domingo, agosto 19
momentos
sábado, julho 21
elogio ao amor puro
Miguel Esteves Cardoso
segunda-feira, julho 16
Pensar é estar doente dos olhos
Porque o vejo. Mas não penso nele,
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar"
Fernando Pessoa
"E isso é mau?" perguntei.
quarta-feira, julho 11
Estou cansado
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa."
Álvaro de Campos
quinta-feira, junho 28
Perturbação
Não sei que fazer com esta inquietação
Já não é apenas tristeza mas uma inquietação…
Que é isto que me destrói por dentro e me perturba o mundo?
Este desassossego que me aniquila e me não deixa sã
Sussurram-se-me pela cabeça adentro demências, loucuras...
Não sei como livrar-me delas…
Arruínam-me a lucidez, iludem-me a razão
Perturbam-me a alma!
Corroem-me o espírito e me conduzem à insânia
terça-feira, junho 26
Sinfonia de uma Noite Inquieta
Esfarrapava-se coisa nenhuma no ar alto e forte, e os caixilhos das janelas sacudiam os vidros para que a extremidade se ouvisse. No fundo de tudo, calada, a noite era o túmulo de Deus (a alma sofria com pena de Deus).
E, de repente - nova ordem das coisas universais agia sobre a cidade -, o vento assobiava no intervalo do vento, e havia uma noção dormida de muitas agitações na altura. Depois a noite fechava-se como um alçapão, e um grande sossego fazia vontade de ter estado a dormir.»
in O Livro do Desassossego composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de lisboa - Fernando Pessoa